domingo, 26 de julho de 2009

A CORPORAÇÃO

OK, já me cobrava a muito tempo e hoje finalmente assisti ao documentário "The Corporation".

A linha traçada pelo filme, comparando uma grande corporação a um indivíduo pscicopata retrata friamente a selvageria do capitalismo moderno.

Fazer o que? Nascemos nesse mundo, bombardeados por propagandas e lavagem cerebral, pessoas e meios de comunicação dizendo como devemos agir, como devemos nos vestir, o que devemos comer, fumar, dirigir, beber, enfim, essa história é velha...

Se pudéssemos, pularíamos desse trem desgovernado e iríamo viver numa sociedade alternativa, comer raízes e ficar tocando violão o dia todo mas no fundo não é isso o que queremos.

Queremos conhecer o mundo, passar por experiências novas, saber de onde viemos, para onde vamos, evoluir, ou seja, não nos bastaria a vida pacata comendo raízes e frutas.

As empresas acabam externalizando os problemas que podem afetar seu lucro, ou seja, alguém sempre paga pelos ganhos sem fim de uma empresa, seja com mão de obra barata, seja com problemas de saúde ou destruição de espécies.

Agora, nós como indivíduos, geralmente fazemos a mesma coisa. Externalizamos os problemas na hora de trabalhar e consumir. Se a empresa para a qual você trabalha polui ou paga salários de fome em um país subdesenvolvido, não interessa, isso não é preocupação nossa, pelo menos não na nossa atual ocupação, isso talvez seja preocupação dos advogados ou daquele pessoal do setor de responsabilidade social. Ou então ao comprar uma roupa, será que foi feita pagando um salário medíocre a uma mulher com 8 filhos num país subdesenvolvido?

Quando não nos importamos com essas questões também estamos externalizando esses problemas, não que sejamos do mal mas simplesmente nascemos nesse mundo e assim fazemos com que as empresas sejam máquinas de externalizar problemas.

Eu externalizo esses problemas todos os dias, vestindo o que eu visto, comendo o que eu como, dirigindo meu carro, etc. Mas não dá simplesmente pra largar tudo e ir viver naquela sociedade alternativa, é preciso mudar aos poucos, conscientizar e principalmente agir quando for dada a chance de escolher, seja tomando uma decisão no trabalho ou escolhendo um produto no supermercado.

É a tal da responsabilidade social. Me dá arrepio quando ouço alguém associando o termo a uma iniciativa "batuta" de uma empresa ou de uma ONG pra ajudar os pobrinhos coitados da favela vizinha às instalações da empresa.

A responsabilidade social é algo maior, está dentro de nós, faz parte do nosso caráter. Uma empresa socialmente responsável não tem uma política de responsabilidade social, ela vive a responsabilidade social, com a mesma naturalidade que lavamos as mãos antes de comer.

Por isso há essa necessidade de mudança. Precisamos aprender a consumir diferente, aprender a fazer negócios de uma forma diferente.

E só pra finalizar, me lembrei de uma empresa que tá fazendo propaganda de "footprint zero". Tá aí um bom exemplo do estupro da responsabilidade social em prol do marketing. OK, os caras reflorestaram uma área equivalente à área devastada para a exploração de recursos no solo. As árvores eles podem ter devolvido mas e os recursos que estavam no solo? E as diversas cidades formadas nos remotos locais de atividade da empresa? Pra onde essas pessoas vão daqui a 20 anos quando os recursos acabarem? Esse é o verdadeiro footprint que pra ser zero daqui 20 anos, vai precisar de muito planejamento.

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